quinta-feira, 28 de junho de 2012

‎"Só os fatos da infância explicam a sensibilidade aos traumatismos futuros e só com o descobrimento desses restos de lembranças, quase regularmente olvidados, e com a volta deles à consciência, é que adquirimos o poder de afastar os sintomas." 
(S. Freud)


quarta-feira, 27 de junho de 2012

"Torna-se um louco alguém que, a maioria das vezes, não encontra ninguém para ajudá-lo a tornar real o seu delírio."
 (Freud - O Mal-Estar na Civilização)



quinta-feira, 21 de junho de 2012

Arte e Psicanálise - Frida Kahlo

Magdalena Carmem Frida Kahlo y Calderon é considerada a mais importante pintora mexicana. Começou a pintar olhando-se num espelho que a mãe pendurou por cima de sua cama. Muitas de suas pinturas são auto-retratos:" Eu pinto-me a mim própria porque estou muitas vezes sózinha e porque sou o assunto que conheço melhor".

Nasceu em 6 de julho de 1907, em Coyoacan no México. Militante comunista e agitadora cultural, tem uma vasta produção artística e teve uma biografia singular marcada por grandes tragédias. Quando ainda pequena, aos 6 anos de idade, contraiu poliomielite, o que a fez usar saias longas como as das indígenas mexicanas para encobrir as marcas da doença. Aos 18 anos sofreu um grave acidente de bonde, teve fraturas múltiplas e foi submetida a 35 cirurgias, ficando impossibilitada de ter filhos. Casou-se com Diego Rivera, o pintor mexicano mais importante do século XX . Socialista e 21 anos mais velho que ela, formavam o casal de artistas mais famosos e originais da época. Com um casamento conturbado pelas numerosas traições do marido, Frida também teve seus romances extraconjugais, entre eles, León Trotski, mas Diego foi sua grande obsessão.

Seus quadros são fortes nos traços e nas cores e refletem os momentos tumultuados de dor e paixão que viveu: "Pensaram que eu era surrealista, mas nunca fui. Nunca pintei sonhos, só pintei minha própria realidade".

Em 1954, Frida Kahlo foi encontrada morta. A última anotação em seu diário permite pensar na hipótese de suicídio: “Espero alegre a minha partida - e espero não retornar nunca mais.”

The Two Fridas - Frida Kahlo

terça-feira, 19 de junho de 2012

Qual é a sua fantasia?
 - De que fantasia você está falando?
 Desse termo em português para se referir ao traje de carnaval? Em inglês e também em francês é "costume". . 
"Em outros termos, qual o figurino que você vai emprestar a sua fantasia?"
 - Vou sair sem fantasia.
 "Até parece que é possível estar sem fantasia!" 
- Vou fantasiado de Eu mesmo!
 "E quem disse que esse "Eu" não é uma fantasia?" 
(Antonio Quinet) 


Paul Cézanne

sábado, 16 de junho de 2012

Melancolia

"A autotortura na melancolia, sem dúvida agradável, significa, do mesmo modo que o fenômeno correspondente na neurose obsessiva, uma satisfação das tendências do sadismo e do ódio relacionadas a um objeto, que retornaram ao próprio eu do indivíduo nas formas que vimos examinando. Via de regra, em ambas as desordens, os pacientes ainda conseguem, pelo caminho indireto da autopunição, vingar-se do objeto original e torturar o ente amado através de sua doença, à qual recorrem a fim de evitar a necessidade de expressar abertamente sua hostilidade para com ele. Afinal de contas, a pessoa que ocasionou a desordem emocional do paciente, e na qual na doença se centraliza, em geral se encontra eu seu ambiente imediato". 
(Freud em 'Luto e Melancolia')



quarta-feira, 13 de junho de 2012

Arte e Loucura


Parece-me impróprio chamar de arte ou de artistas aos psicóticos e sua produtividade. Neles encontramos um universo mórbido, um mundo de temor e angústia, suscitado pela invasão de um caos que nasce no sujeito do inconsciente. O desenho e a pintura na loucura repre­sentam uma reação de defesa primitiva contra a grande angústia provocada pela invasão da psicose. Isto lhes permite uma nova or­ganização, a um nível inferior, dentro de um mundo alterado. 
Na produção do psicótico podemos perceber a perda de contato com o mundo exterior, a dissociação da personalidade, e a irrealidade profunda dos mecanismos do delírio. Por vezes, essa criação representa um ato compensador, isto é, uma forma de reação contra a enfermi­dade, uma tentativa de criar, recriar seu mundo caótico, uma tentativa de domínio sobre as tendências destrutivas da atividade mental. Esta atitude permite aos psicóticos, com freqüência, abandonar sua agressividade brutal e integrar-se ao meio que o cerca.
(Regina Fernandes)


Arthur Bispo do Rosário
“Os doentes mentais são como beija-flores”, definia Bispo. “Estão sempre a dois metros do chão”. Para reconstruir o mundo, o sergipano considerado louco produziu uma das mais intrigantes obras artísticas do País. Mas não se dava o crédito: “São as vozes que me mandam fazer desta maneira”.

domingo, 10 de junho de 2012

“ Quanto mais o objeto é presentificado enquanto imitado mais abre-nos ele essa dimensão onde a ilusão se quebra e visa outra coisa(...) Se a arte imita, trata-se de um sombra de sombra, uma imitação de imitação" 
(Lacan, A Ética da psicanálise)


René Magritte

sábado, 9 de junho de 2012

"E aqueles que foram vistos dançando foram julgados insanos por aqueles que não podiam escutar a música".
( Friedrich Nietzsche)



terça-feira, 5 de junho de 2012

Toxicomania uma articulação com o Princípio do Prazer


Desde os tempos mais antigos o homem, nessa misteriosa complexidade do ser falante, tem feito de tudo para lidar com suas inquietantes questões e conseguir jogar o ilusório jogo da vida. Freud, em seu texto “O Mal-Estar na Cultura”, nos aponta para tais reflexões ao enfatizar o impossível a ser suportado da civilização. Diz ele: 
"A vida, tal como a encontramos, é árdua demais para nós; proporciona-nos muitos sofrimentos, decepções e tarefas impossíveis. A fim de suportá-la, não podemos dispensar as medidas paliativas. (...) Existem talvez três medidas desse tipo: derivativos poderosos, que nos fazem extrair luz de nossa desgraça (Atividades Científicas): satisfações substitutivas, que a diminuem (Artes); e substâncias tóxicas, que nos tornam insensíveis a ela". 
O mal-estar é inerente ao homem, portanto substituir o desprazer, oriundo tanto do mundo externo como de nossos relacionamentos com os outros, seria para Freud um motivo de se buscar os efeitos mágicos e paradisíacos das drogas. A droga, ao alterar no ser falante sua identidade tanto corporal como psíquica, e conseqüentemente sua percepção do mundo, substitui o sentimento de fragilidade pela ilusão da superação da angústia e dos sofrimentos psíquicos. Uma questão fica evidente: o que leva uma pessoa a se alienar em uma conduta onde se torna “objeto do objeto”, na qual existe uma compulsão irrefreável e incessante de voltar sempre à droga? O que se passa com o sujeito que não pode mais parar? 
Na toxicomania, o sujeito elege a droga como objeto ideal, isto é, como objeto causa de desejo, o que está em questão é o próprio desejo. Desta forma, ele é regido pela pulsão de morte, é desimplicado da fala do outro, se manifesta através da passagem ao ato, é um sujeito assintomático. Nele estão presentes a passividade, alienação, e a submissão e, portanto, a independência para com os demais objetos da vida. O que o sujeito busca na droga é o gozo imediato no corpo, ela se apresenta para ele pela via do abuso numa tentativa de amortecer o mal-estar e a angústia. 
O consumo compulsivo de drogas deve ser vinculado à organização narcisista dos sujeitos, e a psicanálise vem discutir o vínculo primitivo e seus caminhos. Nesse viés, a toxicomania é entendida como expressão da tentativa incessante feita pelo sujeito para recriar a fantasia de onipotência que caracteriza o eu-ideal. Os fracassos do processo de socialização, abordados no contexto da problemática da castração, são apresentados como responsáveis pela situação de impossibilidade em que se encontra o sujeito de sair de seu encerramento narcísico, sendo esse fracasso responsável ainda pela angustia por ele experimentada face à fantasia de ameaça de castração.

Baseados nesse contexto podemos perceber o dependente químico padecendo do fracasso da metáfora paterna, (Nome do Pai), sofrendo as conseqüências de algo dessa lei que se mostra inominável. A passagem ao ato é a “linguagem” por excelência dessa falta de articulação significante, e ele se encontra então numa posição de total submissão ao gozo do Outro, ao Real do gozo pulsional.
Pela via da psicanálise, pensar a questão da dependência química é privilegiar o lugar que o objeto ocupa na estrutura do sujeito. È se dar conta da necessidade de um olhar atento para a economia dos investimentos, pois todo o funcionamento do aparelho psíquico é descrito nestes termos (principio econômico). É então, somente a partir dessa articulação sujeito-objeto que se pode interrogar o que se passa pelo viés da dependência.
Logo, podemos inferir que o princípio de prazer não é sozinho o grande responsável por essa problemática. Por mais que se recorra às drogas com a intenção de evitar o desprazer originário, de obter prazer devido ao funcionamento do processo primário do aparelho psíquico, através da alucinação do desejo, o que está em jogo é também o "princípio econômico", especificamente no que diz respeito à sua força motriz, a energia pulsional. É designando a droga como único objeto de investimento pulsional, ou seja, ao investi-la de uma roupagem de objeto ideal, que o toxicômano se encontra totalmente identificado, colado a ela.
Não poderíamos finalizar esse tema, sem apontar a difusão maciça do consumo de drogas nas sociedades pós-moderna, que se transformou numa grave questão social. A toxicomania não é apenas um sintoma individual dos sujeitos, mas também um mal social. Ela é uma parceira única do discurso capitalista que rege a sociedade nos dias de hoje, pois é um fenômeno social ligado à “sociedade espetáculo” que produz os ideais de uma cultura narcísica, que forma subjetividades globais, homogeneizando as diferenças. A toxicomania não pode ser pensada sem o laço social, sem uma comunhão com a cultura. Torna-se assim necessário, nesta questão, interrogar-nos também sobre as características fundamentais da civilização moderna e do paradigma que sustenta a sua construção. 
(Regina Fernandes)


                                          (Edouard Manet)


domingo, 3 de junho de 2012

"O homem que foi o favorito de sua mãe mantém por toda a vida a sensação de conquistador e a confiança no sucesso, a qual muitas vezes induz ao sucesso real." 
(Sigmund Freud)


               
(Freud e sua mãe Amalia, que se referia a ele como "my golden Sigi")

sexta-feira, 1 de junho de 2012

O ser humano encontra a saída através da palavra.
Através da palavra ele encontra o universo.
A arte é a a palavra transformada em outros mundos.
(Carlos Eduardo Leal)

                                                  (Claude Monet)