quarta-feira, 13 de junho de 2012

Arte e Loucura


Parece-me impróprio chamar de arte ou de artistas aos psicóticos e sua produtividade. Neles encontramos um universo mórbido, um mundo de temor e angústia, suscitado pela invasão de um caos que nasce no sujeito do inconsciente. O desenho e a pintura na loucura repre­sentam uma reação de defesa primitiva contra a grande angústia provocada pela invasão da psicose. Isto lhes permite uma nova or­ganização, a um nível inferior, dentro de um mundo alterado. 
Na produção do psicótico podemos perceber a perda de contato com o mundo exterior, a dissociação da personalidade, e a irrealidade profunda dos mecanismos do delírio. Por vezes, essa criação representa um ato compensador, isto é, uma forma de reação contra a enfermi­dade, uma tentativa de criar, recriar seu mundo caótico, uma tentativa de domínio sobre as tendências destrutivas da atividade mental. Esta atitude permite aos psicóticos, com freqüência, abandonar sua agressividade brutal e integrar-se ao meio que o cerca.
(Regina Fernandes)


Arthur Bispo do Rosário
“Os doentes mentais são como beija-flores”, definia Bispo. “Estão sempre a dois metros do chão”. Para reconstruir o mundo, o sergipano considerado louco produziu uma das mais intrigantes obras artísticas do País. Mas não se dava o crédito: “São as vozes que me mandam fazer desta maneira”.

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